quinta-feira, 2 de abril de 2015

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Morreu Manoel de Oliveira


De nome Manoel Cândido Pinto de Oliveira ficou conhecido como o mais velho realizador do mundo em atividade. Nasceu a 11 de dezembro de 1908 na cidade do Porto.
Manoel de Oliveiras
Nasceu numa família da alta burguesia nortenha, o seu pai era industrial e o primeiro fabricante de lâmpadas em Portugal, de nome Francisco José de Oliveira, a sua mãe chama-se Cândida Ferreira Pinto.

Novo foi para a Galiza, onde frequentou um colégio de jesuítas, admite não ter sido sempre bom aluno. Dedicou-se ao atletismo, tendo sido campeão nacional de salto à vara e atleta do Sport Club do Porto, um clube de elite.

Aos 20 anos entra na escola para atores fundada no Porto por Rino Lupo, o cineasta italiano ali radicado, um dos pioneiros do cinema português de ficção. Tem então a ideia de rodar uma curta-metragem sobre a faina no Rio Douro, o seu primeiro filme "Douro, Faina Fluvial" (1931), estreado em Lisboa, suscita a admiração da crítica estrangeira e o desagrado da nacional.
"Douro, Faina Fluvial" (1931) filme de Manoel de Oliveira
Mantendo o gosto pela representação, participa como ator no segundo filme sonoro português "A Canção de Lisboa" (1933), de Cottinelli Telmo. Diria mais tarde não se identificar com aquele estilo de cinema popular.
"A Canção de Lisboa" (1933) filme de Cottinelli Telmo
Casou-se com Maria Isabel Brandão de Meneses de Almeida Carvalhais (1918), no Porto, a 4 de dezembro de 1940, dando resultado ao nascimento de quatro filhos: Manuel Casimiro Brandão Carvalhais de Oliveira (1941), José Manuel (1944), Isabel Maria (1947) e Adelaide Maria (1948).
Maria Isabel e Manoel de Oliveira no dia do seu cassamento - 4 de dezembro de 1940 no Porto
Maria Isabel e Manoel de Oliveira
Em 1942 aventura-se na ficção com a adaptação ao cinema do conto "Os Meninos Milionários", de João Rodrigues de Freitas e filma "Aniki-Bóbó" (1942), retrato de infância no ambiente cru e pobre da Ribeira do Porto. O filme é um fracasso comercial mas, com o tempo, daria que falar.
"Aniki-Bóbó" (1942) filme de Manoel de Oliveira
Manoel decide, abandonar outros projetos, envolvendo-se em negócios de família, e só voltaria ao cinema 14 anos depois com "O Pintor e a Cidade" (1956), em que filma a cores. Para adquirir os conhecimentos necessários para tal experiência, faz uma curta formação nos estúdios da Agfa-Gevaert AG na Alemanha de Leste.

Em 1963 faz o "Acto da Primavera", filmando uma peça de teatro popular e iniciando nova fase do seu percurso. Com este filme envolve-se na prática da antropologia visual no cinema.
"Acto da Primavera" (1963) filme de Manoel de Oliveira
"O Acto da Primavera" e "A Caça" são obras marcantes na carreira de Manoel de Oliveira, atrevimento vale-lhe a eliminação de uma cena por parte da censura, por causa de alguns diálogos inconvenientes ficou dez dias nos calabouços da PIDE, onde conhece Urbano Tavares Rodrigues.

Em 1982, faz um documentário autobiográfico de confissões e memórias. O cenário é a casa onde viveu desde 1940. Este documentário ficou decidido que só seria exibido após  a sua morte.
Manoel de Oliveira
Insistia em dizer que só fazia filmes pelo gozo de os fazer, indiferente às criticas mais negativas.
Manoel de Oliveira
Os seus atores preferidos, com quem mantinha uma colaboração regular era, entre outros, Luís Miguel Cintra, Leonor Silveira, Diogo Dória ou Rogério Samora e, mais recentemente, o seu neto, Ricardo Trêpa. Não lhe são de modo algum indiferentes atores estrangeiros como Catherine Deneuve, Marcello Mastroianni ou Marisa Paredes.

Em 2008 completou os 100 anos de vida, dotada de uma resistência e saúde física e mental notáveis, era conhecido como o realizador mais velho do mundo em atividade.
Manoel de Oliveira
O seu nome consta da lista de colaboradores da revista de cinema "Movimento" (1933-1934) e também encontra-se colaboração artística da sua autoria na "Mocidade Portuguesa Feminina: boletim mensal" (1939-1947).
Exemplar da "Mocidade Portuguesa Feminina: boletim mensal" (1939-1947)
Manoel de Oliveira faleceu na madrugada do dia 2 de abril de 2015, em casa, junto da sua família.
Manoel de Oliveira

Mary

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