Muito se falou em terrorismo, no mês de janeiro, devendo-se segundo os senhores da alta ao Islamismo. Pouco sabia sobre esta Ideologia? Religião? Estilo de vida? Então tentei pesquisar para vos mostrar também o que é então o Islamismo e se são todos ou não extremistas...
Islamismo
Islam em árabe significa submissão à vontade de Deus e chamam-se muçulmanos aos adeptos desta Fé.
Religião iniciada na Arábia por Maomé.
Maomé nasceu em Meca, na Arábia Saudita, entre 570 e 580 d. C. Era filho de pais pobres, ficou órfão muito cedo, tendo que trabalhar como pastor. Entretanto, entrou ao serviço de uma viúva rica, como condutor de camelos. Impressionada pela sua inteligência e beleza, casa-se com ele apesar de ser muito mais novo.
A sua vida de comerciante rico alterou-se profundamente ao ser alvo de visões numa caverna perto de Meca, numa noite de 611. O próprio Anjo Gabriel, apareceu-lhe numa nuvem de luz, anunciando-lhe que ele é o profeta de Allah - Deus em árabe.
Iniciou as suas pregações, as quais foram alvo de tremendas contestações por parte dos habitantes da sua terra natal. Prega contra o politeísmo e a idolatria.
Perseguido, Maomé fugiu para Latrebe, atual Medina e cidade rival de Meca - a esta fuga deu-se o nome de Hégira, no ano de 622 d.C. Esta data constitui o início da contagem cronológica islâmica.
Em 630, conquistou à força Meca, tendo-a reconhecido como lugar de peregrinação.
O Livro Sagrado é o Alcorão é o livro que contém as revelações do arcanjo Gabriel feitas ao profeta Maomé. Ensina preceitos religiosos, dogmas e moral. Tem 114 suras (capítulos). Contém não só louvores e alusões às características de Allah como também descrições do paraíso e juízo final, lendas judaicas e cristãs e normas sociais.
O Islão é ao mesmo tempo uma Fé religiosa e uma comunidade social e política. A doutrina enfatiza um monoteísmo rígido. Deus é único e é o Deus do patriarca Abraão Allah. Deus é uno e não trino, é transcendente e omnipotente.
O muçulmano crê nos anjos bons e nos maus. Para ele, Allah revelou-se através de muitos profetas - Abraão, Moisés, Jesus - mas o mais profeta foi Maomé.
Os muçulmanos têm cinco obrigações fundamentais:
- Chahad (Profissão de Fé) - na unidade de Allah e a missão do Profeta Maomé, emitindo repetidamente que "Não há outra divindade senão Allah e Maomé é o seu profeta";
- Salat (oração) - feita cinco vezes por dia, ajoelhando-se num tapete, voltado para Meca. A oração é um ato de adoração a Allah. As roupas e o corpo devem estar limpos de todas as impurezas. Além disso, no homem, a parte do corpo entre o umbigo e os joelhos deve estar tapada e, na mulher, só as mãos e a cara poderão estar destapadas;
Salat |
- Zakat (esmola islâmica) - é a quantia, em géneros ou em dinheiro, que o muçulmano que possui meios deve distribuir entre os necessitados. O zakat é obrigatório para quem tem em seu poder, durante um ano, ouro com peso mínimo de 88 gramas ou prata com peso míno de 612 gramas;
- Jejum do Ramadão - é o ato de se abster de comer, beber, fumar, etc. durante um mês, desde o nascer até ao pôr do sol. Estão dispensadas as crianças, os dementes, os inválidos, os idosos e os fracos. O viajante, o doente ou a mulher que amamenta, podem adiar este jejum. É feito no mês de Ramadão, mês em que Allah revelou o Alcorão;
- Peregrinação a Meca - deve fazer uma vez na vida, se as circunstâncias o permitirem, isto é, se estiverem em condições físicas e materiais para fazerem a viagem. Lá, devem dar sete voltas à Kaaba (construção reverenciada pelos muçulmanos na mesquita sagrada de al Masjid al-Haram em Meca).
Festas Islâmicas
Aid es-Seghir: dura três dias e realiza-se no mês de Chawwál - celebra o fim do jejum e dá ocasião às pessoas de se encontrarem, trocar prendas e desejarem votos de felicidade.
Achura: significa "o décimo" - é no dia 10 do mês de Muharram. Foi nesse dia que Deus teria criado Adão e Eva, tal como o Paraíso e o Inferno. É um dia de jejum, mas à tarde, os crentes, fiéis às tradições, comem uma espécie de gelado composto por toda a espécie de frutos secos. São precisas 40 espécies de ingredientes e cozê-los, em lume brando, horas e horas.
Aid el-Adha: a seguir ao Ramadão, a festa mais importante é a do Sacrifício. responde a uma das prescrições do Corão. Este manda sacrificar animais, segundo os ritos sagrados, para agradecer ao Senhor que multiplicou os animais úteis ao ser humano. Algum tempo antes da festa, chegam rebanhos às cidades e os vendedores conduzem-nos de rua em rua até venderem todos. Depois de comprado o carneiro, é lavado, escovado, ornamentado com fitas. Depois é morto. A sua carne é distribuída pelos pobres. O proprietário apenas guarda os miúdos. Esta festa celebra o holocausto oferecido a Deus por Abraão.
Mouloud: os muçulmanos celebram no dia 12 do mês de Rabiul-awwal o nascimento de Maomé. Nesse dia, os crentes vão às mesquitas e ouvem a vida do profeta. Os ricos distribuem esmolas e oferecem um animal em sacrifício. É também costume neste dia ir-se aos túmulos dos parentes mais próximos.
Na Turquia, por causa das lâmpadas que ornam as mesquitas à noite, chama-se "noite das lâmpadas".
Calendário
Os árabes utilizam o calendário lunar. O ano tem doze meses que começam com o aparecimento duma lua nova. São meses de 29 ou 30 dias conforme a lunação, de modo que o ano tem 354 dias e nove horas.
Em relação ao "nosso" calendário, o muçulmano encontra-se com cerca de onze dias a menos. Por este motivo, as festas podem ocorrer na Primavera, Verão, Outono ou Inverno à medida que os anos vão passando.
Além disso, é preciso saber que os muçulmanos contam os anos e séculos a partir da Hégira (emigração de Maomé para Medina) pelo que no ano de 1990, da era cristã, os muçulmanos estavam no ano 1410.
Locais Sagrados
A Caaba, é um edifício situado dentro da mesquita principal de Meca (Al Masjid Al-Haram), na Arábia Saudita, é o local mais sagrado do Islão. De acordo com o Alcorão, ela foi construída por Abraão para que todas as pessoas fossem ali celebrar os ritos da Hajj.
No tempo do profeta Maomé, o monoteísmo instituído por Abraão tinha sido corrompido pelo politeísmo e pela idolatria. Segundo o Islamismo, Maomé não procurou fundar uma nova religião, mas restabelecer o culto monoteísta que existia no passado.
O Islamismo não nega diretamente o judaísmo e o cristianismo, pelo contrário, considera uma versão antiga e perdida dessas religiões monoteístas como parte da sua herança, as suas versões atuais teriam sido alteradas, o próprio Islão considerando-se uma restauração da verdade divina.
O segundo lugar sagrado do Islamismo é a mesquita Al-Masij an Nabawi, na cidade de Medina, onde se encontra o túmulo de Maomé.
A cidade de Jerusalém é o terceiro local sagrado do Islão. Este estatuto advém da sua associação aos profetas anteriores a Maomé e sobretudo pelo facto dos muçulmanos acreditarem que o profeta teria viajado para este local durante a noite, cavalgando um ser denominado Buraq, numa viagem conhecida como Isra. Em Jerusalém, Maomé teria ascendido ao céu, onde dialogou com Deus e outros profetas, entre os quais Moisés e Jesus.
Maomé cavalgando o Buraq |
No local de Jerusalém onde se acredita que Maomé subiu ao céu, foi construída a Cúpula da Rocha, em cerca de 690, e a mesquita de Al'Aqsa, sobre as ruínas do antigo Templo de Salomão dos judeus.
Os muçulmanos Xiitas consideram ainda como sagradas as cidades de Karbala e Najaf, ambas no Iraque. Na primeira, ocorreu o martírio de Hussein (filho de Ali e neto de Maomé) e dos seus companheiros, quando este contestava o Califado Omíada.
No Irão, para os Xiitas, são também sagradas Mashhad e Qom.
Autoridade Religiosa
Não há uma autoridade oficial que decide se uma pessoa é aceite ou excluída da comunidade de crentes. O Islão é aberto a todos, independentemente de raça, idade, género ou crenças prévias. É suficiente acreditar na doutrina central do Islamismo, ato formalizado pela recitação da chahada, o enunciado de crença do Islão, sem o qual uma pessoa não pode ser considerada um muçulmano.
Embora não exista no Islamismo uma estrutura clerical semelhante à existente nas denominações cristãs, existe contudo um grupo de pessoas reconhecidas pelo seu conhecimento da religião e da lei Islâmica, denominadas ulemás.
Os homens que se destacam pelo seu grande conhecimento da lei Islâmica podem receber o título de Mufti.
Lei Islâmica - Chariah
O Alcorão é a mais importante fonte da jurisprudência islâmica, sendo a segunda a Sunnah ou exemplos do profeta.
A Suna é conhecida graças aos Ahadith, que são narrações acerca da vida do profeta ou o que ele aprovava, que chegaram até aos nossos dias através de uma cadeia de transmissão oral a partir dos Companheiros de Maomé.
A terceira fonte de jurisprudência é o ijtihad (raciocínio individual), à qual se recorre quando não há resposta clara no Alcorão ou na Suna sobre um dado tema, neste caso, o jurista pode raciocinar por analogia para encontrar a solução.
A quarta e última fonte de jurisprudência é o consenso da comunidade. Algumas práticas também chamadas de "charia" têm também algumas raízes nos costumes locais.
As vertentes do Islão
Há várias denominações no Islão, cada uma com diferenças a nível legar e teológico. Os maiores ramos são o Islão Sunita e o Islão Xiita.
O profeta Maomé faleceu em 632 sem deixar claro quem deveria ser o seu sucessor na liderança da comunidade muçulmana. Abu Bakr, um dos primeiros convertidos ao Islamismo e companheiro do profeta, foi eleito como califa (representante), função que desempenhou durante dois anos. Depois da sua morte, a liderança coube durante dez anos a Omar e logo em seguida a Otman, durante doze anos.
Abu Bakr com uma multidão em Meca |
Quando Otman faleceu, dá-se uma disputa em torno de quem deveria ser o novo califa. para alguns essa honra deveria recair sobre Ali, primo de Maomé, que era também casado com a filha Fátima.
Ali em Ghadir Khumm |
Para outros, o califa deveria ser o primo de Otman, Muawiyah.
Muawiyah |
Quando Ali é eleito califa em 656, Muawiyah contesta a sua eleição, o que origina uma guerra civil entre os partidários das duas funções. Ali acabaria por ser assassinado em 661 e Muawiyah conquista o poder para si e para a sua família, fundando o Califado Omiada.
Contudo, o conflito entre os dois campos contínua e, em 680, Hussein, filho de Ali, é massacrado pelas tropas de Yazid, filho de Muawiyah.
Estas lutas estão na origem dos dois principais ramos em que atualmente se divide o Islão. Os partidários de Ali acreditam que os três primeiros califas foram usurpadores que retiraram a Ali o seu direito legítimo à liderança. Esta crença é justificada em hadiths interpretados como reveladores de que, quando Maomé encontrava-se ausente, ele nomeava Ali como líder momentâneo da comunidade.
Sunismo: O Islamismo Sunita compreende atualmente cerca de 83% de todos os muçulmanos. Divide-se em quatro escolas de jurisprudência, que interpretam a lei Islâmica de forma diferente:
- Maliquita - forte presença no Norte de África;
- Shafiita - presente no Médio Oriente, Indonésia, Malásia e Filipinas;
- Hanefita - presenta na Ásia Central e do Sul e Turquia;
- Hambalita - dominante na Arábia Saudita e Qatar.
Xiismo: os muçulmanos xiitas acreditam que o líder da comunidade muçulmana - o Imã - deve ser um descendente de Ali e da sua esposa Fátima. Pode ser subdividido em três ramos principais, de acordo com o número de Imãs que reconhecem:
- Xiitas duodecimanos;
- Ismailitas;
- Zaiditas.
Todos estes grupos estão de acordo em relação à legitimidade dos quatro primeiros Imãs. Porém, discordam em relação ao quinto: a maioria do Xiitas acredita que o neto de Hussein, Muhammad al Baquir, era o Imã legítimo, enquanto que outros seguem o irmão de al-Baquir, Zayd bin Ali (Zaiditas).
Os Xiitas que não reconheceram Zayd como Imã permaneceram unidos durante algum tempo. O sexto Imã, Jafar al-Sadiqm foi um grande erudito que é tido em consideração pelos teólogos sunitas. A principal escola Xiita de Lei religiosa recebe o nome de Jafarita por sua causa.
Após a morte de Jafar al-Sadiq, ocorreu uma cisão no grupo: uns reconheciam como Imã o filho mais velho, Ismail bin Jafar, enquanto que para outros o Imã era o filho mais novo, Musa al-Kazim. Este último grupo continuou a seguir uma cadeia de Imãs até ao décimo segundo, Muhammad al-Mahdi. Os primeiros ficaram conhecidos como Ismailitas, enquanto que os que seguiram uma cadeia de doze Imãs ficaram conhecidos como Xiitas duodecimanos.
Fundamentalismo e Radicalismo
Correntes radicais do Islamismo frequentemente são acusadas de atos terroristas, como os atentados do 11 de Setembro, protagonizados pela Al Qaeda.
E a defesa intolerante da extinção do Estado de Israel defendida pelo grupo terrorista Hamas. Na sua carta de fundação, por exemplo, o Hamas é claro na defesa da destruição do Estado Sionista, sendo apoiado pela maioria do povo palestiniano.
Fundamentalistas também defendem a submissão da mulher, a perseguição a cristãos e o assassinato de dissidentes em países islâmicos. Estima-se que aproximadamente quatro milhões de cristãos libaneses emigraram do seu país em consequência das pressões impostas pelos muçulmanos.
A condição de vida das mulheres também é precária em países fundamentalistas islâmicos, como a Arábia Saudita; "Para o pensamento ortodoxo muçulmano, a mulher vale menos do que o homem, explica Leila Ahmed, especialista em estudos da mulher e do Oriente Próximo da Universidade de Massachusetts, nos EUA (...)".
Assim sendo, violências físicas e tratamentos desumanos, como o apedrejamento, são constantes entre os países fundamentalistas. "Segundo a lei islâmica denominada Sharia, uma mulher considerada adúltera deve ser enterrada até ao pescoço (ou axilas) e apedrejada até à morte (...)"
A intolerância a críticas também é alvo constante de respostas por parte da imprensa às vertentes radicais do Islão. Como foi verificado no jornal francês "Charlie Hebdo".O Papa também foi ameaçado de morte por considerar o Islão uma religião violenta.
O crítico Daniel Pipes cita uma cadeia histórica de reações radicais a críticas e atos humorísticos por parte de extremistas islâmicos, que vão de ameaças a mortes de dezenas de pessoas. Porém, o islamismo moderado mostra-se como vertente desejosa de paz, tanto quanto o budismo, o cristianismo, o judaísmo ou qualquer outra grande religião.
Mary
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