sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Um Pouquinho de História

Gengis Khan


Gengis Khan nasceu em 1162.
Foi um conquistador e Imperador Mongol, nascido com o nome de Temudjin nas proximidades do rio Onon, perto do lago Baikal.
Nasceu cercado de lendas sobre a vinda de um lobo cinzento que devoraria toda a Terra. Ainda jovem matou o lobo e ficou muito famoso na sua tribo, enfrentou a rejeição da sua família, mas voltaria para conquistar a sua liderança,
Era nómada, pobre e analfabeto.
Gengis Khan
Tinha por volta de 13 anos quando planeou e executou o assassinato do meio-irmão, Begter, pouco mais velho que ele. Recrutou o irmão mais novo, Khasar, para juntos matarem Begter com duas flechadas certeiras: Khasar atirou pela frente e Temujin pelas costas. Ele já não aguentava ter que se submeter a Begter - que, desde a morte do pai (supostamente envenenado), assumira o comando do pequeno clã familiar. A gota d’água foi a disputa por uma cotovia caçada por Temujin, quando Begter se valeu de sua recém-conquistada posição de chefe da família para comer a caça do mais novo.

Temujin se tornaria Gengis Khan, o homem que nunca aceitou se submeter à vontade de outros. Ele nasceu num mundo muito duro. Viu cedo que precisava lutar para sobreviver. Não poderia ceder poder ao irmão. Não poderia ceder poder a ninguém.

Lembrado como o conquistador bárbaro e cruel que dominou toda a Ásia, o Oriente Médio e a Europa Oriental no século XIII ao custo de milhares (ou milhões) de mortos, Gengis Khan foi, mais do a imagem de sanguinário, o homem que lançou as bases da globalização ao ligar o mundo ocidental ao oriental de forma nunca vista antes. Ele começou o primeiro grande sistema de comunicação e comércio internacional da história. Gengis Khan estabeleceu as fundações do mundo moderno.
Gengis Khan
No Império Mongol, que demorou 20 anos a criar e outros tantos para consolidar, era possível ir da China ao Oriente Médio e à Europa por uma rede de estradas protegidas, ao comercializar produtos usando padrões de peso e câmbio definidos por um poder centralizado.

No século XIII, já circulava pelas terras tomadas por Gengis Khan o papel-moeda, impresso em gráficas, 200 anos antes de Johannes Gutemberg criar a impressão com tipos móveis no Ocidente. Iletrados, os mongóis mantinham pessoas de cada povo conquistado em importantes postos da administração pública. Recrutavam especialistas de outras nações para seguir com eles: astrónomos muçulmanos, engenheiros chineses (que construíam canhões), mineiros germânicos... Gente de culturas e religiões distintas conviviam pacificamente.

O caminho do conquistador - desde a sua pequena tribo nómada até à posição de líder do maior império até então - foi difícil e atribulado. Quando matou o irmão, já tinha que cuidar do próprio sustento. Pelo crime, foi capturado pelo clã tayichiud, o maior da região, e tornou-se prisioneiro e servo. Não se sabe por quantos anos foi escravizado. 

Mas conseguiu fugir, casou-se em 1178 (aos 16 anos) com Borte Ujin - a noiva que o pai escolhera para ele sete anos antes - e procurou a proteção de um antigo e poderoso amigo do seu pai, Torghil, conhecido como Ong Khan, o Grande Khan (chefe) da tribo kereyid. Pouco depois, Borte foi sequestrada por outra tribo, os merkids. Temujin, com o apoio do pequeno exército de um amigo de infância, Jamuka, atacou os inimigos e recuperou a mulher. 
Borte Ujin
A partir daí, alianças foram feitas e desfeitas com diversos outros líderes. Temujin rompeu com Jamuka por não aceitar ficar sob seu poder, arrebanhou partidários, formou um pequeno exército e iniciou, timidamente, a sua escalada ao poder entre as tribos da estepe.

Os mongóis eram uma força incrível, mas dispersa e sem um líder. Gengis era carismático, inteligente, obstinado e bom articulador. Sabia do potencial do seu povo e soube dirigi-lo. A riqueza ou a alfabetização não são fatores fundamentais para constituir uma liderança sólida. Esse líder de origem humilde atraiu milhares de seguidores por onde passou justamente pela sua trajetória de vida.
Gengis Khan
Temujin e Jamuka guerrearam por anos. Em 1189, Temujin foi endossado kahn (soberano) dos mongóis em um conselho de líderes tribais. Jamuka não aceitou. Na batalha que se seguiu, em 1190, diz a lenda que ferveu em um caldeirão 70 membros do exército de Temujin, derrotado no episódio. A briga continuou até que, em 1205, Jamuka foi finalmente derrotado e morto. No ano seguinte, Temujin foi proclamado Gengis Khan, o "khan oceânico", o equivalente mongol para universal. Chegara o momento de expandir a nação. Quem não se rendesse seria destruído sem compaixão.

"Eles praticavam uma guerra de conquista cujo objetivo era difundir terror. Quem se submetesse sem lutar não passava por isso. Ocasionalmente, alguns lutavam de modo tão obstinado contra os mongóis que, ao serem finalmente derrotados, ganhavam o seu respeito e confiança. Mas, em geral, as conquistas eram feitas com algumas chacinas exemplares. A ideia era simples: feita uma vez, ela não precisaria se repetir se os outros entendessem o recado", conta o historiador.

Um exemplo disso aconteceu na cidade persa de Nishapur. Um genro de Gengis Khan foi morto lá, e uma de suas filhas pediu que a cidade fosse varrida do mapa. A carnificina foi tão grande que gerou até a lenda de que 1 748 000 pessoas foram mortas numa hora - um exagero que só contribuía para levar pânico aos povos da vizinhança. A ordem era matar apenas a aristocracia da cidade e receber a população como parte do império. Ele chegou a adotar muitas crianças de outros povos para mostrar que recebia todos como sendo iguais.
Ilustração da carnificina de Nishapur
Diferentemente dos outros exércitos, o mongol não tinha infantaria, apenas cavalaria. Eram um exército de 150 mil homens montados, quando conseguiam reunir a força máxima. Numa guerra como a que travaram contra os jurcheds, por exemplo, 65 mil cavaleiros mongóis derrotaram 150 mil inimigos, 65 mil deles montados e outros 85 mil de infantaria, graças a estratégias inovadoras. Até então, os soldados lutavam em fileiras, e os exércitos avançavam lentamente porque levavam muitas provisões. Os mongóis, ao contrário, espalhavam-se por todo o campo onde cavalos e vacas se alimentavam. Bebiam o leite das vacas e as abatiam em plena campanha de guerra para comer a carne. Avançavam numa velocidade muito maior que a dos inimigos e atacavam de todos os lados.
O gosto pela velocidade e pelas novidades foi fundamental na mudança que Gengis Khan estava por imprimir no mundo. Depois de unificar as tribos mongóis, conquistou a China. De lá, partiu para o Oriente Médio e chegou ao Leste Europeu. Quando os seus domínios já se estendiam por toda essa região, somando quase 13 milhões de quilómetros quadrados, promoveu uma reestruturação na Rota da Seda, uma rede de estradas interconectadas que ligava Oriente e Ocidente. Seus homens construíram enormes armazéns em todas as grandes cidades e oásis. Colocaram pequenos postos a cada 40 km ao longo da rota. Em cada um deles, o viajante tinha acesso a água e comida e podia deixar o seu cavalo cansado e pegar um descansado, seguindo viagem. Ele criou a ‘super-highway’ da China à Europa Oriental. A Rota da Seda já conectava esses dois mundos desde o século VI a.C., mas o transporte de mercadorias antes levava dez, às vezes 15 anos. A partir daí, o tempo baixou para cerca de dois anos. A comunicação ganhou outra velocidade também. Há informações de que a notícia de uma morte foi levada da Mongólia a Budapeste em apenas três semanas, em 1241.
Rota da Seda
Um sistema bancário também foi instituído nos postos: o viajante podia depositar dinheiro numa estação e pegar de volta em outra. Nessa época, o uso do papel-moeda, inventado pelos chineses, passou a ser empregado em larga escala no Império Mongol. Houve um forte impacto dessa inovação nas economias locais, aumentando os preços e a demanda por produtos importados de outras regiões. A ideia de passaporte também se difundiu nesse momento. Dependendo do material com que as placas levadas no pescoço eram feitas, sabia-se se o viajante era um diplomata, um aristocrata, um soldado ou um comerciante - e de onde vinha.

A troca de informações e de tecnologia foi intensificada. Além de produtos, a Rota da Seda transportava ideias. A China aprendeu a fazer vidro com os iranianos, e o Irã aprendeu a fazer pólvora com os chineses. Ele uniu civilizações importantes da época ao fazer todo mundo trocar tecnologia em todas as direções. Foi o primeiro grande globalizador, lembrando que os mongóis foram mais transmissores do que criadores de informações - porém eram espertos o suficiente para unir duas tecnologias e criar uma terceira. Foram eles que juntaram a pólvora chinesa aos sinos de ferro do Irã para criar o canhão, por exemplo.
Quando estava para morrer, aos 65 anos, em 1227, Gengis ainda vivia em gers (tendas circulares de madeira e tecido), nómada como sempre foi. Em carta atribuída a ele, declarou: "Uso as mesmas roupas e como a mesma comida que os vaqueiros e tratadores de cavalos. Fazemos os mesmos sacrifícios e compartilhamos riquezas". Pouco antes da morte, dividiu o poder entre os quatro filhos e escolheu um deles, Ogodei, como Grande Khan. Mas foi o neto Kublai Khan quem mais se destacou ao fundar uma dinastia na China e receber o mercador veneziano Marco Polo, estendendo essa primeira fase da globalização até um lugar distante e misterioso: a Europa Ocidental.

Um estudo realizado em 2002 concluiu que 8% da população da região anteriormente ocupada pelo Império Mongol, uma área entre o Oceano Pacífico e o Mar Cáspio (o que corresponde a 0,5% da população mundial) podem ser descendentes de Gengis Khan. Um outro estudo de 2007 afirma que 34,8% dos atuais mongóis são descendentes de Gengis Khan.

Muitos de nós somos (ou podemos ser) parentes do maior líder mongol: Gengis Khan. Um estudo recente de DNA revelou que uma porcentagem surpreendentemente elevada de homens compartilha uma raiz genética em comum com ele. De acordo com algumas estimativas, um em cada 200 homens é descendente de Khan – ou colossais 16 milhões de pessoas.

Enquanto isso parece inacreditável, a diversidade genética do século 13 era muito menor do que é hoje, e o rei mongol passava a maior parte de seu tempo fazendo sexo com mulheres diferentes. Os historiadores não têm um número definido de filhos do Khan, mas estimam que ele teve centenas ou até milhares. Apenas quatro foram gerados por sua esposa, de maneira que foram bem documentados – eram os únicos verdadeiros herdeiros.

Por sua vez, esses quatro filhos também fizeram a sua parte para espalhar o DNA mongol. O mais velho, Tushi, teve 40 filhos legítimos e possivelmente muitas crianças ilegítimas. Kublai Khan, neto de Gengis, teve 22 filhos legítimos, sendo que supostamente adicionava 30 mulheres ao seu harém a cada ano. Com tais números, é mais fácil ver como 16 milhões de pessoas são descendentes de um só homem.

Mary

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