quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Aspirantes a Doutoras

A Eutanásia

A palavra Eutanásia tem origem grega (eu + thanatos) que significa boa morte ou morte sem dor.
É uma prática suportada pela teoria que defende o direito do doente incurável de pôr termo à vida quando sujeito a intoleráveis sofrimentos físicos ou psíquicos.
É um tema polémico, havendo diversos países com legislação definida sobre a sua prática e outros países que a refutam categoricamente por diversos motivos.

Num sentido amplo, a eutanásia permite uma morte suave e indolor.

A eutanásia pode ocorrer por vários motivos:

  • Vontade do doente;
  • Os doentes representam uma ameaça para a sociedade - eutanásia eugénica;
  • Tratamento da doença implica uma grande despesa - eutanásia económica.

Algumas culturas aceitam a eutanásia, a maior parte não admite esta prática. O Cristianismo e o Judaísmo condenam a eutanásia. Alguns códigos penais consideram a eutanásia como uma forma de homicídio, mas há países em que esta prática é legal na Europa, como a Bélgica, Holanda e Suiça.
Os defensores da eutanásia argumentam que cada pessoa tem o direito à escolha entre viver ou morrer com dignidade quando se tem consciência de que o estado da sua saúde é de tal forma grave, que não compensa viver em sofrimento até que a morte chegue naturalmente.
Quem condena esta prática, utiliza frequentemente o argumento religioso de que só Deus tem o direito de dar ou tirar a vida e, portanto, o médico não deve interferir neste dom sagrado.

A eutanásia pode ser dividida em dois grupos:
  • A eutanásia ativa conta com o traçado de ações que têm por objetivo pôr termo à vida, na medida em que é planeada e negociada entre o doente e o profissional que vai levar avante o ato;
  • A eutanásia passiva, não provoca deliberadamente a morte, no entanto, com o passar do tempo, conjuntamente com a interrupção de todos e quaisquer cuidados médicos, farmacológicos ou outros, o doente acaba por falecer. Não há um ato que provoque a morte, como na ativa, mas também não há nenhum que impeça.

É importante distinguir a eutanásia de "suicídio assistido", na medida que na primeira é uma terceira pessoa que executa, e no segundo é o próprio doente que provoca a sua morte, ainda que para isso disponha de ajuda de terceiros.
A distanásia é o total oposto da eutanásia, esta defende que se deve utilizar todos as possibilidades para prolongar a vida de um ser humano, ainda que a cura não seja uma possibilidade e o sofrimento se torne demasiadamente penoso.
Da perspetiva da ética médica, tendo em conta o Juramento de Hipócrates, segundo o qual considera a vida como um dom sagrado, sobre o qual o médico não pode ser juiz da vida ou da morte de alguém, a eutanásia é considerada homicídio. Cabe assim ao médico, cumprindo o juramento, assistir o paciente, fornecendo-lhe todo e qualquer meio necessário à sua subsistência.
Juramento de Hipocrátes
As pessoas com doença crónica e, portanto, incurável, ou em estado terminal, têm naturalmente momentos de desespero, momentos de um sofrimento físico e psíquico muito intenso, mas também há momentos em que vivem a alegria e a felicidade.
Estas pessoas lutam dia após dia para viverem só mais um segundo. Nem sempre um ser humano com uma determinada patologia quer morrer, muitas vezes acontece o contrário, e tentam lutar contra a morte.
Noutros casos os doentes que realmente estão cansados de viver, que não aguentam mais sentirem-se "um fardo" ou sentirem-se sozinhos, apenas acompanhados por um enorme sofrimento de ordem física, psíquica ou social.
Em Portugal a morte tem perdido visibilidade, é excluída de práticas antigas, os familiares são afastados, as crianças não sabem o que é, os processos de luto são cada vez menos vividos e morre-se nos hospitais, no lar ou em casa dependente de cuidados. Uns por opção, pelo manter o seu papel e estatuto social, como opção lúcida e reconhecida, outros por medo, por a família não aceitar ou não querer vivenciar esta última fase.
Num país em que a esperança média de vida aumenta, em que a todo o momento se vende o saudável, contrasta a realidade dos AVC's como primeira causa de morte e as doenças de foro oncológico como segunda.
No nosso país a maioria das pessoas fazem tudo o que estiver ao seu alcance para manter a vida, no entanto, o ato de promover a morte antes do que seria de esperar, por motivo de compaixão e diante de um sofrimento penoso e insuportável, sempre foi motivo de reflexão por parte da Sociedade.


Notícia - Sic Notícias - 09 de outubro de 2014
Houve recentemente uma notícia de uma doente com um tumor cerebral terminal, uma norte americana, de nome Brittany Maynard de 29 anos, que pretende morrer a 1 de novembro, se o fim não chegar entretanto.
Brittany Maynard
Brittany e o marido são da Califórnia, mas mudaram-se para Oregon porque este Estado permite aos doentes terminais porem fim à sua vida com medicamentos letais prescritos pelo médico.

Escolheu a data de 1 de novembro para morrer, porque desta forma ainda poderá estar com o marido no seu aniversário: "Queria celebrar o aniversário do meu marido que é a 26 de outubro. Estou a ficar cada vez mais doente, cada vez com mais dores e dificuldades e por isso decidi esta data", afirmou.

Brittany disse "Não consigo sequer descrever o alívio que sinto ao saber que não terei de morrer da forma como me foi descrita", num vídeo publicado no site que criou para a campanha The Brittany Fund, uma campanha em nome da Morte com Dignidade.

Apenas cinco Estados norte-americanos possuem leis que permitem aos pacientes como querem terminar os seus últimos dias.

Mary Sweet

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