94 Anos de Amália Rodrigues
Amália da Piedade Rodrigues nasceu em Lisboa a 1 de julho de 1920, no entanto só foi registada a 23 de julho. Amália celebrava o seu aniversário a 1 de julho.Amália Rodrigues |
Revelou cedo o seu talento como cantora, mas tímida. Começou a cantar para o avô e vizinhos, que lhe pediam. Na sua infância e juventude, cantarolava tangos de Carlos Gardei e canções populares que ouvia e lhe pediam para cantar.
Aos 9 anos, a avó, analfabeta, manda Amália para a escola. Contudo, aos 12 anos tem que interromper a sua escolaridade como era frequente nas casas pobres. Escolheu ser bordadeira, mas depressa muda para ir embrulhar bolos.
Amália Rodrigues |
Aos 15 anos vai vender fruta para a zona do Cais da Rocha, e torna-se notada devido ao especialíssimo timbre de voz. Integra a Marcha Popular de Alcântara, nas festividades de Santo António em Lisboa, de 1936.
Amália Rodrigues |
Conhece nessa altura o seu futuro marido, Francisco da Cruz, um guitarrista amador, com o qual se casou em 1940. Um assistente recomenda-a para a casa de fados mais famosa de então, o Retiro da Severa, mas Amália acaba por recusar esse convite, e depois adiar a resposta, e só em 1939 iria cantar a essa casa.
Estreia-se no teatro de revista em 1940, como atração da peça "Ora Vai Tu", no Teatro Maria Vitória. no meio teatral encontra Frederico Valério, compositor de muitos dos seus fados.
Em 1943 divorcia-se a seu pedido. Torna-se então independente. Neste mesmo ano atua pela primeira vez fora de Portugal, a convite do embaixador Pedro Teotónio Pereira, canta em Madrid.
Em 1944 consegue um papel proeminente, ao lado de Hermínia Silva, na opereta "Rosa Cantadeira", onde interpreta o "Fado do Ciúme", de Frederico Valério. Em setembro, chega ao Rio de Janeiro acompanhada pelo maestro Fernando de Freitas para atuar no Casino Copacabana.
Amália Rodrigues |
Amália Rodrigues |
Em 1947 estreia-se no cinema com o filme "Capas Negras", o filme mais visto em Portugal até então, ficando 22 semanas em exibição. Um segundo filme, do mesmo ano, é "Fado, História de uma Cantadeira".
Amália é apoiada por artistas inovadores como Almada Negreiros e António Ferro. Esse que a convida pela primeira vez a cantar em Paris, no Chez Carrére, e a Londres, no Ritz, em festas do departamento de Turismo que o próprio organizava.
A internacionalização de Amália aumenta com a participação, em 1950, nos espetáculos do Plano Marshall, o plano de apoio dos Estados Unidos à Europa do pôs-guerra, em que participaram os mais importantes artistas de casa país.
Amália Rodrigues |
Em setembro de 1952 a sua estreia em Nova Iorque fez-se no palco do La Vie en Rose, onde ficou 14 semanas em cartaz. Ainda nos Estados Unidos, em 1953 canta pela primeira vez na televisão, na NBC, no programa de Eddie Fisher patrocinado pela Coca-Cola, que teve de beber e de que não gostara nada. Grava discos de fado e de flamenco. Convidam-na para ficar, mas não fica porque não quer.
Amália dá ao fado um fulgor novo. Canta o repertório tradicional de uma forma diferente, num sincretismo do que é rural e do que é urbano. Canta os grandes poetas da língua portuguesa - Camões, Bocage; além dos poetas que escrevem para ela - Ary dos Santos, O'Neill, entre outros.
Amália Rodrigues |
Amália Rodrigues |
Em 1966, o seu amigo Alain Oulman é preso pela PIDE, Amália dá todo o seu apoio ao amigo e tudo faz para que seja libertado e posto na fronteira.
Em 1970 é editado o álbum "Com Que Voz".
Amália Rodrigues |
Em 1976 é editado o disco "Amália no Canecão" gravado no Brasil. No mesmo ano é lançado o álbum "Cantigas da Boa Gente". "Fandangueiro" e "Cantigas numa Língua Antiga" são lançados em 1977.
Amália Rodrigues |
Em 1983 é editado o álbum "Lágrima" a que se segue "Amália na Broadway" em 1984.
Em 1985 obtém grande sucesso a colectânea "O Melhor de Amália: Estranha Forma de Vida". É lançado um novo volume "O Melhor de Amália, vol.2: Tudo Isto é Fado".
Ao mesmo tempo, atravessa dissabores financeiros que a obrigam a desfazer-se de algum do património. Ao longo dos anos que passam, vê desaparecer o seu compositor Alain Oulman, o seu poeta David Mourão-Ferreira e o seu marido, César Seabra, com quem era casada há 36 anos, e que morre em 1997.
Em 1997 é editado pela Valentim de Carvalho o álbum "Segredo" com gravações inéditas realizadas entre 1965 e 1975. É ainda publicado o livro "Versos" com os seus poemas. É-lhe feita uma homenagem nacional na Exposição Mundial de Lisboa - Expo 98.
Amália Rodrigues |
A 6 de outubro de 1999, Amália Rodrigues morre, em sua casa, repentinamente, ao início da manhã, com 79 anos, poucas horas depois de regressar a casa das suas férias no litoral alentejano.
Funeral de Amália Rodrigues |
Foi sepultada no Cemitério dos Prazeres, em Lisboa. Dois anos depois, a 8 de julho de 2001, o seu corpo foi transladado para o Panteão Nacional da Igreja de Santa Engrácia, em Lisboa.
Túmulo de Amália Rodrigues |
Mary Sweet
Sem comentários:
Enviar um comentário