sábado, 5 de julho de 2014

Aspirantes a Doutoras

Historial da Menstruação

A menstruação é a causa fisiológica do período fértil da mulher, que quando não há a fecundação do óvulo, é expulso, normalmente ocorre 14 dias após a ovulação.

De modo universal, a menstruação marca o início da vida adulta e era acompanhada por rituais e celebrações.

Nas culturas antigas acreditava-se que as mulheres estariam no auge do seu poder quando estavam menstruadas.

Escavações demonstraram vários artefactos que simbolizavam a mulher, em antigos espaços europeus, e que sugerem que muitas dessas culturas eram matriarcais e veneravam todos os processos do corpo feminino, incluindo a menstruação.

Ao se encarar este momento em que a mulher atingia o seu máximo podes espiritual, retirava-se a mulher para uma cabana especial, por alguns designada como "casa da Lua" onde descansava dos seus afazeres habituais e aproveitavam o tempo para se enriquecerem espiritualmente.

Noutras situações, o sangue menstrual era oferecido em sacrifício aos deuses. Outros artefactos consistem em pequenos paus de madeira esculpidos que remetem para um calendário menstrual, seguindo a sua harmonia com os ciclos da Lua.

Na Grécia Antiga, grandes vultos como Pitágoras, Aristóteles, Sócrates e Hipócrates, entre outros, transformaram a Grécia no berço da sabedoria em praticamente todas as áreas do conhecimento. No caso da medicina e da menstruação, Hipócrates, sem ter como examinar cadáveres humanos, pensava que o útero fosse subdividido internamente, formando inúmeras subdivisões e saliências, e que o seu interior contivesse tentáculos e ventosas. Ainda assim Hipócrates foi o primeiro a analisar o fenómeno da menstruação, atribuindo ao mesmo uma função benéfica à saúde.
Hipócrates
Durante o Império Romano, Plínio, o velho, escreveu "História Natural", a primeira enciclopédia da história. No volume de biologia, descreve o sangue da menstruação como um veneno fatal que "mata os insetos, definha as plantas, murcha as flores, apodrece as frutas e cega as navalhas" para ele, se a menstruação coincidisse com um eclipse da lua ou do sol, os males serão irremediáveis, relações sexuais com uma mulher menstruada pode ser fatal para o homem. A autoridade de Plínio não era desafiada, seja por falta de fonte confiável, seja por que as afirmações não podiam ser testadas.
"História Natural" de Plinio
Plínio atribuía ao sangue menstrual um carácter venenoso e considerava a sua descarga mensal um fenómeno purificador para a mulher, porém perigoso para aqueles que entrassem em contacto com ela.
Plínio
Após catorze séculos, a influência de Plínio diminuiu. A má impressão dos artigos sobre o sangue menstrual transformou-se num verdadeiro tabu, adotado por todas as religiões que excluem a mulher da vida social durante o período menstrual por encontrar-se impura.

Na época do Paganismo e do Politeísmo e a ascensão do Cristianismo, a situação mudou profundamente, porque a nova religião pregava a abstinência sexual como a melhor forma de servir a Deus.

Durante a Idade Média, houve uma prolongada estagnação da ciência, a igreja católica passou a dominar a escrita e o pensamento. Foram séculos dominados pela superstição e medo, pela busca do céu e a fuga do inferno. As solteiras estavam condenadas a menstruar a vida inteira, e como para os médicos era benéfico para a saúde "expulsar aquele sangue fora", não havia quem não aceitasse resignadamente a ocorrência da menstruação.

Nesta época não eram apenas as inférteis, prostitutas e doentes que menstruavam, mas as mulheres mais "puras", as "santas", que repudiavam o sexo, apesar de férteis, também menstruavam a vida toda.

Com o Renascimento foi possível a retomada das iniciativas da ciência, e foi possível, pela primeira vez, conhecer a anatomia e fisiologia da mulher por meio de estudos que permitiram afastar conceitos absurdos e fantasiosos sobre o útero feminino e sobre a circulação do sangue.

Na primeira metade do século XIX, acreditava-se que a menstruação provinha de um excesso de nutrientes da mulher. O sangramento mensal na época vitoriana era visto como uma limpeza física e mental.

Só no final do século XIX e principalmente no século XX, a partir da descoberta dos hormônios, tornou-se possível compreender de facto o que era a menstruação.

Em diversas culturas tribais a origem da menstruação é explicada por mitos e lendas. Essas explicações culturais para esse fenómeno fisiológico são expressas em diversos comportamentos individuais e grupais, que incluem: atividades de caça e pesca de animais e peixes específicos, tabus alimentares, restrições de prática sexual e proibições de participação em atividades domésticas e religiosas.

O grupo indígena Karajá, que habita a bacia do Rio Araguaia possui uma lenda que associa o ciclo menstrual à piranha vermelha. Segundo a lenda, a menstruação ocorre quando esse peixe se agita no útero da mulher.
Mulheres da Tribo Karajá
Em Bangladesh as mulheres são consideradas impuras durante este período.
Mulheres do Bangladesh
Na Amazónia uma tribo chamada Tukuna realiza um ritual com meninas que começam a menstruar. Durante quatro a doze semanas elas ficam isoladas num local construído pela família já com esse propósito. Acredita-se que a rapariga está no submundo e correndo perigo por conta de um demónio chamado Noo. No final do ritual outras pessoas utilizas máscaras e tornam-se reencarnações do demónio. Para se proteger do mal a rapariga passa dois dias com o corpo pintado de preto. No terceiro dia é levada por parentes para festividades e dançam até o amanhecer. A rapariga recebe uma lança com fogo para mandar ao suposto demónio. Depois disso, ela está livre para se tornar uma mulher adulta.
Ritual de dançar com a rapariga mensturada - Tribo  Tukuna
Alguns mitos:
  • As mulheres menstruadas não devem entrar no cemitério.
  • Para evitar a menstruação abundante, a mulher menstruada nunca deve mudar a roupa durante o período.
  • A mulher menstruada não deve ser penteada.
  • Uma mulher menstruada que faça um bolo, ele não cresce.


Mary Sweet

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