Barreiras ao Uso do Preservativo
Apesar da demonstração dos imensos benefícios do preservativo e do consenso cientifico em relação ao seu uso, sobretudo entre especialistas de saúde sexual, persistem ainda algumas criticas a nível moral e cientifico, sobretudo ao longo do último século à medida que a investigação e popularidade aumentaram.No mundo ocidental, a introdução da pílula na década de 1960 está associada ao declino do uso do preservativo. No Japão, os contracetivos orais só foram aprovados para consumo em setembro de 1999 e, ainda assim, de acesso mais restrito do que noutros países, devido a esta restrição, o Japão tem a mais alta taxa de uso do preservativo do mundo, cerca de 80% em 2008.
As atitudes culturais em relação aos papéis do homem e mulher, contraceção e comportamento sexual variam de forma significativa em todo o mundo, desde as extremamente conservadoras às extremamente liberais. Em regiões ou sociedades onde o preservativo é mal compreendido, reprovado socialmente, há um impacto direto na prevalência do seu uso.
Em países menos desenvolvidos ou entre estratos sociais com menos educação, as ideias erradas sobre a forma e funcionamento da transmissão de doenças e a conceção afetam de forma negativa o uso do preservativo.
Em culturas onde o homem tenha um papel preponderante, a mulher pode não se sentir confortável em exigir ao seu parceiro sexual que use preservativo, por exemplo, um estudo realizado entre a comunidade latino-americana na América do Norte concluiu que as mulheres se sentem frequentemente intimidadas para discutir e negociar o uso do preservativo como os seus parceiros sexuais, descrevendo receios de irritação ou episódios de violência doméstica em consequência do machismo fortemente enraizado na sua cultura, este fenómeno registou-se igualmente nas mulheres afro-americanas.
Em África a promoção do uso do preservativo em algumas regiões tem sido impedida por campanhas anti-preservativo por parte de alguns clérigos muçulmanos e católicos.
Entre os Masai da Tanzânia, o uso do preservativo é travado por uma aversão ao conceito de "desperdiçar" esperma, ao qual é dada importância sócio-cultural para lá da reprodução. Acredita-se que o esperma seja um elixir para a mulher, tendo efeitos benéficos na saúde.
Masai |
Masai |
A Igreja Católica Romana opõe-se a qualquer tipo de ato sexual fora do casamento, assim como a qualquer ato sexual no qual as probabilidades de conceção tenham sido reduzidas de forma intencional, como uma cirurgia anticoncepcional, ou através de objetos externos, como o preservativo.
Algumas individualidades da Igreja, como o cardeal belga Godfried Danneels, acreditam que a Igreja católica deve apoiar ativamente o uso do preservativo enquanto forma de prevenção de doenças, sobretudo doenças graves como a SIDA.
Godfried Danneels |
Durante uma entrevista em novembro de 2011, o Papa Bento XVI defendeu pela primeira vez o uso do preservativo enquanto método de prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, tendo declarado que o uso pode ser justificado em determinados casos de modo a reduzir o risco de infeção com HIV. O papa referiu como exemplo os prostitutos masculinos, o que gerou alguma confusão inicial sobre se a declaração se aplicaria apenas a prostitutos homossexuais, mais tarde o porta voz do Vaticano, Frederico Lombardi, viria a público esclarecer que se a decisão se aplicava a todos os prostitutos, independentemente do sexo e da orientação sexual.
Papa Bento XVI |
Mary Sweet
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