25 de Abril - Revolução dos Cravos
40 Anos
Portugal no século XX viveu durante uma ditadura, cujo o líder, António de Oliveira Salazar, governava o país como Presidente do Conselho, o que agora, se aproxima do Primeiro Ministro. No entanto, durante o golpe de Estado do 25 de Abril, era Marcelo Caetano quem estava no lugar que Salazar tinha deixado ainda antes da sua morte.
António de Oliveira Salazar |
Marcelo Caetano |
Muitas foram as leis impostas, as liberdades cortadas, mas espero ter a oportunidade de falar destes assuntos mais pormenorizadamente noutro(s) post('s). Eu gosto especialmente desta época da sociedade e da vida política portuguesa, daí querer falar mais tarde do mesmo assunto.
A Revolução de 25 de Abril ou Revolução dos Cravos, refere-se a um movimento social, ocorrido a 25 de abril de 1974, que tinha como objetivo derrubar o Regime Ditatorial do Estado Novo, vigente desde 1933, e implantar um regime democrático.
Esta ação foi liderada por um movimento militar, o Movimento das Forças Armadas (MFA), que, na sua maioria, era composto por capitães que tinham participado na Guerra Colonial e que tiveram o apoio dos oficiais milicianos.
Este movimento não foi o primeiro, a 21 de agosto de 1973, foi realizada a primeira reunião clandestina de capitães, em Bissau. A 9 de setembro de 1973 no Monte Sobral, uma nova reunião, dá origem ao Movimento das Forças Armadas.
No dia 5 de março de 1974 é aprovado o primeiro documento do movimento: Os Militares, as Forças Armadas e a Nação - este documento é posto a circular clandestinamente.
A 14 de março o governo demite os generais Spínola e Costa Gomes dos cargos de Vice-Chefe e Chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas, alegadamente por estes terem-se recusado a participar numa cerimónia de apoio ao regime.
António de Spínola |
Francisco da Costa Gomes |
No entanto, a verdadeira causa da expulsão dos dois Generais foi o facto do primeiro ter escrito, com a cobertura do segundo, um livro, Portugal e o Futuro, no qual, pela primeira vez uma alta patente defendia a necessidade de uma solução política para as revoltas separatistas nas colónias e não uma solução militar.
"Portugal e o Futuro" de António Spínola |
No dia 24 de março, a última reunião clandestina dos capitães revoltosos decide o derrube do regime pela força. Prossegue a movimentação secreta dos capitães até ao dia 25 de abril.
No dia 24 de abril de 1974, um grupo de militares comandados por Otelo Saraiva de Carvalho instala secretamente o posto de comando do movimento golpista no Quartel da Pontinha em Lisboa.
Otelo Saraiva de Carvalho |
Às 22h55 é transmitida a canção E Depois do Adeus, de Paulo de Carvalho, pelos Emissores Associados de Lisboa, emitida por João Paulo Diniz. Este é um dos sinais previamente estipulado pelos golpistas, que desencadeia a tomada de posições da primeira fase do golpe de estado.
Video: Festival RTP da Canção - E Depois do Adeus interpretada por Paulo de Carvalho
Pelas 00h20 é dado o segundo sinal, quando a canção Grândola, Vila Morena de Zeca Afonso é transmitida pelo programa Limite, da Rádio Renascença, que confirma o golpe e marca o início das operações. O locutor de serviço nessa emissão é Leite de Vasconcelos, jornalista e poeta moçambicano.
Video: Grândola, Vila Morena interpretada por Zeca Afonso
A canção E Depois do Adeus, era muito popular por ter vencido o Festival RTP da Canção, enquanto que a canção Grândola, Vila Morena tinha sido ilegalizada, pois, segundo o governo, fazia alusão ao comunismo.
Paulo de Carvalho |
Zeca Afonso |
O golpe militar do dia 25 de abril tem a colaboração de vários regimentos militares. No Norte, uma força do CICA 1 liderada pelo Tenente-Coronel Carlos de Azeredo toma o Quartel-General da Região Militar do Porto. Estas forças são reforçadas por forças vindas de Lamego. Forças do BC9 de Viana do Castelo tomam o Aeroporto de Pedras Rubras. Forças do CIOE tomam a RTP e o RCP no Porto. O regime reage, o ministro da Defesa ordena a forças sediadas em Braga para avançarem sobre o Porto, no que não é obedecido, dado que estas já tinham aderido ao golpe.
Forças do CIOE (Centro de Instrução de Operações Especiais) controlam as instalações da RTP do Monte da Virgem e do RCP, no Porto |
À Escola Prática de Cavalaria, que parte de Santarém, cabe o papel mais importante, que consistia na ocupação do Terreiro do Paço. As forças da Escola Prática de Cavalaria são comandadas pelo então Capitão Salgueiro Maia. O Terreiro do Paço é ocupado nas primeiras horas da manhã.
Capitão Salgueiro Maia |
Salgueiro Maia move, mais tarde, parte das suas forças para o Quartel do Carmo onde se encontra o chefe do governo, Marcelo Caetano, que ao final do dia se rende, exigindo, contudo, que o poder seja entregue ao General António de Spínola, que nao fazia parte do MFA, para que o "poder não caísse na rua".
Marcelo Caetano decide render-se, mas apenas a um oficial da alta patente - no Quartel do Carmo |
A resistência do regime foi praticamente inexistente, registando-se apenas quatro civis mortos e 45 feridos em Lisboa pelas balas da Direção-Geal de Segurança (DGS).
Marcelo Caetano parte para a Madeira, rumo ao exílio no Brasil.
Marcelo Caetano |
No dia 26 de abril, forma-se a Junta da Salvação Nacional, constituída por militares, que dará início a um governo de transição.
Comunicação à nação a 26 abril de 1974
O essencial do programa do MFA é resumido no programa dos Três D: Democratizar, Descolonizar, Desenvolver.
Entre as medidas imediatas da revolução conta-se a extinção da polícia política - PIDE/DGS; e da censura. Os sindicatos livres e os partidos são legalizados.
Um artigo de jornal censurado |
A 26 de abril, são também libertados os presos políticos da Prisão de Caxias e de Peniche.
Manchete de Jornal sobre a libertação dos presos políticos em Caxias |
Prisão na Fortaleza de Peniche, onde estiveram vários presos políticos durante o Estado Novo |
Os líderes políticos da oposição no exílio voltam ao país nos dias seguintes.
Ao centro, Álvaro Cunhal, um político comunista exilado que também esteve preso em Peniche, na foto regressava a Portugal após ter sido exilado |
O cravo vermelho tornou-se o símbolo da Revolução de Abril de 1974. Segundo se conta, foi uma florista de Lisboa que iniciou a distribuição dos cravos vermelhos pelos populares que os ofereceram aos soldados. Estes colocaram-nos nos canos das espingardas.
Mary Sweet
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