sexta-feira, 25 de abril de 2014

Hoje é Dia de Quê?

25 de Abril - Revolução dos Cravos 
40 Anos
Portugal no século XX viveu durante uma ditadura, cujo o líder, António de Oliveira Salazar, governava o país como Presidente do Conselho, o que agora, se aproxima do Primeiro Ministro. No entanto, durante o golpe de Estado do 25 de Abril, era Marcelo Caetano quem estava no lugar que Salazar tinha deixado ainda antes da sua morte.
António de Oliveira Salazar
Marcelo Caetano
Muitas foram as leis impostas, as liberdades cortadas, mas espero ter a oportunidade de falar destes assuntos mais pormenorizadamente noutro(s) post('s). Eu gosto especialmente desta época da sociedade e da vida política portuguesa, daí querer falar mais tarde do mesmo assunto.
A Revolução de 25 de Abril ou Revolução dos Cravos, refere-se a um movimento social, ocorrido a 25 de abril de 1974, que tinha como objetivo derrubar o Regime Ditatorial do Estado Novo, vigente desde 1933, e implantar um regime democrático.

Esta ação foi liderada por um movimento militar, o Movimento das Forças Armadas (MFA), que, na sua maioria, era composto por capitães que tinham participado na Guerra Colonial e que tiveram o apoio dos oficiais milicianos.
Este movimento não foi o primeiro, a 21 de agosto de 1973, foi realizada a primeira reunião clandestina de capitães, em Bissau. A 9 de setembro de 1973 no Monte Sobral, uma nova reunião, dá origem ao Movimento das Forças Armadas.

No dia 5 de março de 1974 é aprovado o primeiro documento do movimento: Os Militares, as Forças Armadas e a Nação - este documento é posto a circular clandestinamente. 

A 14 de março o governo demite os generais Spínola e Costa Gomes dos cargos de Vice-Chefe e Chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas, alegadamente por estes terem-se recusado a participar numa cerimónia de apoio ao regime.
António de Spínola
Francisco da Costa Gomes
No entanto, a verdadeira causa da expulsão dos dois Generais foi o facto do primeiro ter escrito, com a cobertura do segundo, um livro, Portugal e o Futuro, no qual, pela primeira vez uma alta patente defendia a necessidade de uma solução política para as revoltas separatistas nas colónias e não uma solução militar.
"Portugal e o Futuro" de António Spínola
No dia 24 de março, a última reunião clandestina dos capitães revoltosos decide o derrube do regime pela força. Prossegue a movimentação secreta dos capitães até ao dia 25 de abril.

No dia 24 de abril de 1974, um grupo de militares comandados por Otelo Saraiva de Carvalho instala secretamente o posto de comando do movimento golpista no Quartel da Pontinha em Lisboa.
Otelo Saraiva de Carvalho
Às 22h55 é transmitida a canção E Depois do Adeus, de Paulo de Carvalho, pelos Emissores Associados de Lisboa, emitida por João Paulo Diniz. Este é um dos sinais previamente estipulado pelos golpistas, que desencadeia a tomada de posições da primeira fase do golpe de estado.
Video: Festival RTP da Canção - E Depois do Adeus interpretada por Paulo de Carvalho

Pelas 00h20 é dado o segundo sinal, quando a canção Grândola, Vila Morena de Zeca Afonso é transmitida pelo programa Limite, da Rádio Renascença, que confirma o golpe e marca o início das operações. O locutor de serviço nessa emissão é Leite de Vasconcelos, jornalista e poeta moçambicano.
Video: Grândola, Vila Morena interpretada por Zeca Afonso

A canção E Depois do Adeus, era muito popular por ter vencido o Festival RTP da Canção, enquanto que a canção Grândola, Vila Morena tinha sido ilegalizada, pois, segundo o governo, fazia alusão ao comunismo.
Paulo de Carvalho
Zeca Afonso
O golpe militar do dia 25 de abril tem a colaboração de vários regimentos militares. No Norte, uma força do CICA 1 liderada pelo Tenente-Coronel Carlos de Azeredo toma o Quartel-General da Região Militar do Porto. Estas forças são reforçadas por forças vindas de Lamego. Forças do BC9 de Viana do Castelo tomam o Aeroporto de Pedras Rubras. Forças do CIOE tomam a RTP e o RCP no Porto. O regime reage, o ministro da Defesa ordena a forças sediadas em Braga para avançarem sobre o Porto, no que não é obedecido, dado que estas já tinham aderido ao golpe.
Forças do CIOE (Centro de Instrução de Operações Especiais) controlam as instalações da RTP do Monte da Virgem e do RCP, no Porto
À Escola Prática de Cavalaria, que parte de Santarém, cabe o papel mais importante, que consistia na ocupação do Terreiro do Paço. As forças da Escola Prática de Cavalaria são comandadas pelo então Capitão Salgueiro Maia. O Terreiro do Paço é ocupado nas primeiras horas da manhã.
Capitão Salgueiro Maia
Salgueiro Maia move, mais tarde, parte das suas forças para o Quartel do Carmo onde se encontra o chefe do governo, Marcelo Caetano, que ao final do dia se rende, exigindo, contudo, que o poder seja entregue ao General António de Spínola, que nao fazia parte do MFA, para que o "poder não caísse na rua".
Marcelo Caetano decide render-se, mas apenas a um oficial da alta patente - no Quartel do Carmo
A resistência do regime foi praticamente inexistente, registando-se apenas quatro civis mortos e 45 feridos em Lisboa pelas balas da Direção-Geal de Segurança (DGS).

Marcelo Caetano parte para a Madeira, rumo ao exílio no Brasil.
Marcelo Caetano
No dia 26 de abril, forma-se a Junta da Salvação Nacional, constituída por militares, que dará início a um governo de transição.
Comunicação à nação a 26 abril de 1974

O essencial do programa do MFA é resumido no programa dos Três D: Democratizar, Descolonizar, Desenvolver.

Entre as medidas imediatas da revolução conta-se a extinção da polícia política - PIDE/DGS; e da censura. Os sindicatos livres e os partidos são legalizados.
Um artigo de jornal censurado
A 26 de abril, são também libertados os presos políticos da Prisão de Caxias e de Peniche. 
Manchete de Jornal sobre a libertação dos presos políticos em Caxias
Prisão na Fortaleza de Peniche, onde estiveram vários presos políticos durante o Estado Novo
Os líderes políticos da oposição no exílio voltam ao país nos dias seguintes.
Ao centro, Álvaro Cunhal, um político comunista exilado que também esteve preso em Peniche, na foto regressava a Portugal após ter sido exilado
O cravo vermelho tornou-se o símbolo da Revolução de Abril de 1974. Segundo se conta, foi uma florista de Lisboa que iniciou a distribuição dos cravos vermelhos pelos populares que os ofereceram aos soldados. Estes colocaram-nos nos canos das espingardas.


Mary Sweet

Sem comentários:

Enviar um comentário